Os miúdos andam bem nutridos. Vê-se nos parques infantis, à entrada das escolas, na fúria com que devoram batatas fritas nas festas de aniversário. E estão também grandes. Eu costumava ser da altura de um miúdo de doze anos. Depois de um de dez. Agora qualquer turma da terceira classe tem cinco ou seis putos do meu tamanho. Temo que quando a idade me fizer mirrar, os bebés de três anos me olhem de cima.
Adiante.
A altura desmesurada enche os pais de orgulho. Vai ter um metro e noventa, dizem a sorrir. O peso nem tanto, mas desculpam-no como uma inevitabilidade. Os miúdos hoje jogam tanto computador, tantas consolas. Não brincam na rua. E é verdade. Depois do trabalho e da escola, do trânsito e dos trabalhos de casa, às vezes só resta mesmo o sofá e a inércia nos apartamentos de Lisboa.
(Na foto: Lá fora, guia para pôr os miúdos fora de casa)
Do cimo do meu metro e cinquenta e nove, sinto o mesmo.
Já anda cá em casa o livro, mas temos ido lá “para fora” sem ele: há muitas “inércias”!
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