O período da Primeira República é dos mais interessantes na história do nosso país e é uma pena que o seu estudo seja tantas vezes abreviado. Nele se fizeram importantes avanços no caminho da laicidade do Estado e também dos direitos das mulheres.
Vale a pena relembrar Carolina Beatriz Ângelo, primeira mulher a votar em Portugal. Em 1911, a sua inscrição nos cadernos eleitorais foi recusada, apesar de cumprir os requisitos: tinha mais de 21 anos, sabia ler e escrever e era “chefe de família” pois sendo médica – foi a primeira mulher cirurgiã em Portugal – provia o seu sustento e o da sua filha.
Por sentença proferida a 28 de Abril, o juiz João Baptista de Castro mandou incluí-la nos cadernos eleitorais, considerando que excluir a mulher de ser eleitora e ter intervenção nos assuntos políticos (…) só por ser mulher (…) é simplesmente absurdo e iníquo e em oposição com as próprias ideias da democracia e justiça proclamadas pelo partido republicano.
(Em baixo, fotografada com Ana de Castro Osório, à esquerda, filha do juiz que proferiu a sentença que lhe permitiu exercer o direito de voto.)