Os meus filhos queriam desesperadamente um animal de estimação. Podia ser um peixe. Melhor ainda, dois peixes. Dois peixinhos tropicais. Com riscas. Tipo Nemo. Ou uma tartaruga. Melhor, duas tartarugas. Fomos à loja de animais. Ficámos a namorar os peixes naquela tranquilidade azul e ficámos convencidos. Trazer peixes daqueles para casa era como ter uma parte do Grande Recife de Coral na nossa sala. Que sonho. E aparentemente, mais barato que ir fazer mergulho na Austrália. Mas, só aparentemente.
Quando o senhor começou a falar dos preços dos aquários, aquecimento da água e mais não sei o quê, descobrimos que o melhor mesmo eram as tais tartarugas. Eram mínimas. Amorosas. Vieram duas num saquinho para casa. E um aquário com rochas a fingir. Comida, cálcio, vitaminas. Os miúdos deram-lhes nomes mas, na realidade, ninguém as distinguia. Eram ‘as tartarugas’. Em breve, apenas ‘a tartaruga’, porque uma morreu. A sobrevivente cresce desmesuradamente. Dorme no inverno, come na primavera, aborrece-se tardes inteiras, estende-se ao sol e precisa de um aquário novo.